Em seu parágrafo 2° do Artigo 1°, o decreto Presidencial urdido na calada da noite, surpreendendo até o Exército, estabelece como objetivo da Intervenção "por termo a grave comprometimento da ordem pública no Estado do Rio de Janeiro".
Importante assinalar a questão da ordem pública, entendendo esta a matriz da segurança pública.
O decreto tem como erro de gênese, em meu julgamento, a amplitude e a profundidade para alcançar grandes êxitos mesmo atuando contra as facções de narcovarejo, as quais impõem regras acima de o Estado de Direito em extensas áreas daquela unidade da federação.
Apesar de atuarem apenas no espectro visível do crime organizado, estas organizações, faz décadas, escoram - se na corrupção política, de parte das polícias e mesmo do Judiciário.
Tem elas, também, a cumplicidade da sociedade fluminense, mal que igualmente afeta quase o país todo, que se recusa a encarar os usuários de drogas
ilícitas como a razão de existência e fortalecimento do narcotráfico.
Como promovem a violência explícita que atinge ao cidadão comum em níveis alarmantes de calamidade pública, ações contra tais facções são o esconderijo perfeito para atitudes políticas com interesses inconfessáveis, dissimulados e sem chances de sucesso, mas que podem produzir a manutenção do status quo de manter o poder e os lucros ilícitos.
Não causa vergonha nos políticos empregar as Instituições militares, com elevados índices de aprovação, integradas por homens e mulheres de bem, em missões que não atendem aos legimos interesses da segurança nacional.
Os militares que professam valores e princípios seculares, herdados da construção da nacionalidade, vão cumprir a missão, mesmo com possível sacrifício de vidas e conhecendo as causas basilares do quadro atual.
Farão, com certeza, o melhor possível para dar algum conforto e segurança ao povo que os paga e de onde saem seus quadros.
Não é desconhecido deles e dos segmentos sociedade que pensam, que a crise é moral e centrada segmento político nacional.
Marco Santos
Cel EB, professor e empresário.