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sexta, 29 de março de 2024 Campo Grande/MS
COLUNA

Reflexões

Marcelo A. Reis

A ‘Desrespeitolândia’

Não faço análise de conteúdo. Pouco importa

05 abril 2016 - 07h29

Caro leitor;



Não precisa ser adivinho para saber que estou falando do nosso Brasil. Fico tentado a fazer uma piada de mau gosto. Deveríamos nos chamar "Desrespeitolandia", tal a quantidade da ocorrência em nosso dia a dia. Em fevereiro escrevemos, aqui mesmo, "O País do desrespeito". Volto ao tema. Sinto-me desrespeitado ao pedir uma informação em um balcão, colocado para tal fim, e constatar que as pessoas que ali estão, supostamente para orientar, sabem menos do que nós que para lá nos dirigimos.



Sinto-me totalmente desrespeitado quando vejo que o Presidente da Câmara, réu em diversos processos em curso no STF, e o Presidente do Senado, igualmente respondendo a diversos procedimentos perante a Suprema Corte, estão em pleno exercício de suas prerrogativas e dirigirão as duas etapas do processo de impeachment da Presidente da República. Sinto-me desrespeitado quando vejo os governos (todos!) falarem da crise, quando ontem trombeteavam uma magnifica, esplendorosa, situação. Sinto-me desrespeitado em ver que nenhum de tais governantes tem a dignidade de vir a televisão e, de maneira simples, didática e honesta darem uma explicação, uma satisfação. Sinto-me desrespeitado ao chegar a um hospital, em qualquer das nossas cidades, e ver o descaso com que os cidadãos, os trabalhadores, em especial os mais humildes, são tratados; ou melhor, mal tratados ou mais precisamente destratados.



Sinto-me desrespeitados em chegar a uma repartição e a "ditadura do guichê" me atender como se um favor estivesse fazendo. Sinto-me desrespeitado ao contatar qualquer uma das operadoras de telefonia e ser enrolado etc. etc. etc., pois ficaria a noite toda, e mais o dia seguinte, relatando as barbaridades de tais firmas. Sinto-me desrespeitado quando sou tarifado, de maneira abusiva, pelos bancos e vejo as "autoridades" nada fazerem. Sinto-me desrespeitado ao ver Ministros do STF concedendo entrevistas festivas como se estrelas de um festival de música o fossem (veja o artigo "Sergio Moro X Gilmar Mendes" de 22/09/2015). Um absurdo! Juiz só fala nos autos. Quer fazer política, tire a toga, aposente-se e vá para a arena política.



Não faço análise de conteúdo. Pouco importa. Repito: "Juiz só fala nos autos!". Sinto-me desrespeitado quando ligo para alguma, das várias, agência da República e protocolo uma observação e nada, rigorosamente nada, acontece. Sinto-me desrespeitado quando pago o Imposto de Renda sabendo que parte significativa do meu esforço será desviado para cevar as quadrilhas que se apoderaram do Estado Brasileiro.
Sinto-me desrespeitado quando, trabalho duro, você e a maior parte do povo brasileiro também, vejo o país indo a pique e as "supostas" lideranças políticas, leia-se quadrilhas, em luta de morte pela partilha do butim.
Hoje estou amargo, só me dá alento o cidadão comum.



Até a próxima