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sexta, 29 de março de 2024 Campo Grande/MS
COLUNA

Reflexões

Marcelo A. Reis

As Olimpíadas, o Conde e o 'Moita'

Sua "excelência" acaba de nos brindar com a figura do "presidente secreto"

09 agosto 2016 - 07h16

Caro leitor; 



Não, não me enganei. Sei que o criador das Olimpíadas da era moderna foi o Barão, francês, Pierre Coubertin. O nobre, o Conde a que referi-me é outro. É um sobrenome e não um título de nobreza. Falo de Luiz Paulo Fernandez Conde , ex-prefeito do Rio. Enquanto assistia ao espetáculo de Abertura dos Jogos, relembrei o arquiteto e urbanista que, mesmo antes de assumir a Prefeitura, ainda Secretário de Urbanismo do 1º Governo Cesar Maia, sonhou que a Cidade Maravilhosa tinha que ser o primeiro palco do evento em terras sul americanas. Acreditava na vocação do Rio para a realização de espetáculos e as vantagens que poderia vir a auferir, os hoje tão falados legados, tal como ocorrera em Barcelona. 



Correu atrás. Foi para a Catalunha e trouxe diversos técnicos para serem os nossos consultores / assessores na preparação do projeto. Algo complicado e com um nível de exigências e detalhamentos inéditos em terras tupiniquins. Buscou apoio privado, em uma antecipação das, agora tão badaladas, PPP - Parcerias Público Privadas. As ideias mestras, o cerne do projeto, as linhas viárias para a Barra da Tijuca, a transformação do ramal de Deodoro em Metrô,a pulverização dos Complexos esportivos em diversos pontos da cidade, a requalificação do Centro, com a derrubada do tenebroso elevado da Perimetral, resquício de um tempo em que o Urbanismo via o automóvel como mais importante do que o ser humano, são marcas registradas do Conde.



Dizia, ou melhor, pregava, era um pregador, que as Olimpíadas seriam o ponto de inflexão do Rio para integrar-se, em posição de igualdade, ao que denominava "Rede Mundial de Cidades de Primeira Grandeza". Tudo isso lá estava, em 1996, nos anteprojetos e projetos da Comissão da "Rio 2004", a nossa primeira investida com tal objetivo e da qual tenho muito orgulho em ter participado. É importante fazer o registro porque nunca deixou de acreditar que ainda o conseguiríamos. Já no fim da vida, não se cansava em dar orientações e sugestões ao atual prefeito que, com inteira Justiça, batizou a área requalificada do Porto /Praça XV como" Orla Prefeito Luiz Paulo Conde". Ali vemos o "Boulevard Olímpico"; novo ponto de circulação e lazer dos cariocas. E acrescentava, como educador, que também o era, que Esporte, Cultura e Educação eram a composição ideal, a trinca mestre que "revolucionária" este nosso sofrido Pindorama, fazendo-nos ultrapassar o constante atraso em relação ao Primeiro Mundo.



As Olimpíadas chegaram. Aí estão. O Brasil, já na Abertura, deu o show com o melhor da sua gente. Simpatia, "boa pracismo", leveza, hospitalidade e gentileza que deixaram os estrangeiros agradavelmente surpresos. O boca a boca, potenciado pelas redes sociais, não tenha dúvida nos projetará entre os destinos turísticos mundiais de primeira linha. Claro que tal não ocorrerá por um passe de mágica. Sempre nos exigirá, cada vez mais, seriedade e trabalho duro. 



Não vou falar do espetáculo de abertura. Da plasticidade. Tudo foi acima das melhores expectativas. Não há reparos. Você pode achar, como o meu amigo Sergio Costa e Silva, que faltou o Villa Lobos. Concordo, mas tal é normal. Cada um tem uma percepção. 



Disse que não falaria, mas, em sendo brasileiro, tenho que abrir duas exceções. Vanderley Lima, impedido de por um lunático de ganhar a medalha de ouro em Atenas, acendendo a pira foi uma justa homenagem à postura serena que sempre manteve. Um verdadeiro espírito olímpico! 



E o Jorginho da Mangueira, uma criança humilde, de uma comunidade, como todas, abandonada pelas quadrilhas que infestam a nossa vida pública, que a todos emocionou por sua simplicidade ao falar dos sonhos e da importância do esporte para a construção do seu caráter. Enfim, da sua vida!  



As competições aí estão. Tudo maravilhoso, mas trabalhemos duro e rezemos. Rezemos muito! Os perigos aí estão. Os radicais das mais variadas cores e convergências de tudo são capazes. 



Ao concluir, duas notas. Uma de esperança e outra sobre o mico do interino, em vias de efetivação, Michel Temer. 



Sua "excelência" acaba de nos brindar com a figura do "presidente secreto". O "Moita"! Não é anunciado. Fica quietinho e declara curtinho e envergonhado a abertura do maior evento esportivo da Terra. Um fiasco! O peão de estância da campanha gaúcha diria que é "fiasquento"!



A ESPERANÇA vem da Cidade de Deus; comunidade carente, como a Mangueira do Jorginho, lembrada, pela pilantragem política, no período, no momento eleitoral, como o que agora se aproxima. Vem pelas mãos da Rafaela Silva, Medalha de Ouro. Negra, pobre e favelada. Tinha tudo para dar errado. Deu certo pelo caminho do esporte. Disse que deve tudo ao Judô.



Lembro o Brizola e o Darcy Ribeiro propondo a maior revolução que podemos fazer. Dar autonomia intelectual ao cidadão, através do Ensino Público de Qualidade em Tempo Integral . Contemplando a cultura e os Esportes.

Apareça Rafaela; mostre - se ao Brasil! Seu exemplo se multiplicará!