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COLUNA

Top Pipoca com Pedroka

Pedro Martinez

The Post: aula de Jornalismo...

Verdades são cruéis...

03 fevereiro 2018 - 09h08

Amiguinhos e amiguinhas,
Bora voltar pros filmes indicados ao Oscar?

Pra não faltar nenhuma citação dos da categoria Melhor Filme, um comentário rápido sobre Me Chame Pelo Seu Nome. A ideia sobre o despertar de novos desejos (hereros que se descobrem gays) é ótima, principalmente pelas lindas locações que a Itália proporciona, porém não saiu como eu esperava; é tudo meio sem pé e nem cabeça. É um amor que parece acontecer sem sentido nenhum e isso me incomodou um pouco. Querem tentar assistir? Vai lá mas eu não senti nada de diferente capaz de indicação a Oscar.

Se querem um longa legal que envolva essa descoberta sugiro Battle of The Sexxes, que de quebra te dará um bom exemplo de empoderamento feminino - em breve falarei mais sobre esse.

Mas vamos para a dica da semana: The Post. A Guerra Secreta.

Se precisassemos agradecer alguém por um filme, nesse caso, agradeceriamos a Donald Trump por esse. Steven Spielberg correu pra lançar esse filme ainda esse ano por causa dele e sua loucura em fazer a maior bagunça com relação à imprensa e seu governo. Afinal esse filme fala muito desse relacionamento governo dos EUA vs Imprensa.

O filme retrata anos após a Guerra do Vietnã, lá por 1971. Nessa época anterior ao escândalo de Watergate, Ben Bradlee (Tom Hanks) e Kat Graham (Meryl Streep), editores do The Washington Post, até um então um jornal regional de família, recebem um enorme estudo detalhado sobre o controverso papel dos EUA na Guerra do Vietnã, por isso eles precisam enfrentar de tudo para conseguir publicar os então documentos bombásticos.

Parece um tema muito atual não é mesmo?!

Mas o bom da obra não é só esse dilema da liberdade de expressão. Spielberg faz seus personagens se transformarem em pilares da sociedade, especificamente 3: a família, a mídia e o Estado. Kat é a família e vive esse drama de transformar a antes empresa regional familiar num empreendimento de patamar mundial, não querendo estragar nada do passado pelo bem da família. Bradlee defende a autonomia da redação com liberdade de falar - e às vezes pender pra algum lado conforme o interesse do jornal. E o Secretario de Defesa, Robert McNamara é o braço do Estado, que quis esconder muitas verdades em prol do governo americano.

Mas Pedro, porque não é o Richard Nixon que representa o Estado?

Porque em Hollywood, assim como em boa parte dos EUA, Nixon é de um caráter ridicularizado após os escândalos e seu governo controverso. Tanto que as poucas aparições dele no filme são de costas e somente ouvimos sua voz.

E é claro, vemos claramente no filme que o Jornalismo não é sinonimo de santidade. Sim, ele pende pra onde inteteressar mais e isso é uma realidade. O filme nos convida pra esse mundo real. Mas também expõe que "o único jeito de defender a liberdade de publicação é publicando".

The Post, A Guerra Secreta é um filme importante não só pra era Trump, mas pra todas, pois ele nos faz entender a complexidade do que é ser um jornalista e como é difícil a relação dele com os governos e suas "verdades".

5 pipocas pra essa ótima aula de Jornalismo que toda facul deveria exibir pros seus alunos.