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Entrevistas

Músico começou carreira em MS e hoje coleciona sucessos ao lado de estrelas do sertanejo

Diego Baroza fala sobre seu caminho do erudito ao popular na música, bagagem que lhe fez ampliar horizontes na indústria fonográfica

21 agosto 2017 - 16h03Por Amanda Amaral

Aos 29 anos, ele já é referência ao se tratar do violão e guitarra que embalam o ritmo sertanejo, mas seu talento vai além. Natural de São Paulo, mas crescido em Dourados, interior de Mato Grosso do Sul, Diego Baroza tem contato com a música desde muito cedo, o que lhe abriu os olhos e caminhos possíveis ao, também desde cedo, investir em seu talento como violonista e guitarrista.

Hoje, mais de dez anos após colocar os pés na estrada com grandes nomes, principalmente sertaneja, ele começa a trilhar novos passos dentro da indústria musical que mais se renova e fortalece no país. Em entrevista ao TopMídiaNews, ele conta a própria trajetória entre o erudito e o popular, avalia o momento do sertanejo no país e fala sobre sua nova fase por trás dos palcos.

Leia abaixo:

Quando surgiu a vontade de se tornar músico?

Em Dourados, onde cresci, principalmente em contato com a música que ouvia na igreja evangélica, e também pelo meu irmão mais velho, Thiago, que tocava na banda de lá. Fui aprendendo guitarra, violão e a tocar na igreja com a banda, também fazendo pequenos shows. Lá também meu pai me matriculou em uma escola de música, e assim fui me aperfeiçoando.

Quando terminei o ensino médio, fui aceito no Conservatório Souza Lima, muito bem conceituado em São Paulo, onde ganhei bolsa de estudos. Me mudei para lá e pude aprender muito, foi inspirador.

O objetivo com a música era qual, no primeiro momento?

Como fui sempre muito em busca de tentar estabilidade, afinal a vida na estrada como músico pode ser um pouco difícil, minha ideia era me tornar professor. Foi nessa intenção que, também para ficar próximo a minha família, tentei vestibular para o curso de Música, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande.

Ingressei em 2006, me formei em 2010 em licenciatura em música com habilitação em violão erudito, mas nesse meio tempo conheci amigos que já faziam música pela cidade, já trabalhavam com o sertanejo. Na época, a cena era diferente, as festas eram grandes e geralmente em casas, as chamadas violadas, foi quando comecei a participar aos poucos como músico.

Quando começa a sua estrada no universo sertanejo?

Paralelamente, dava aulas de guitarra e violão, era habituado com essa linguagem didática, tive essa formação. Mas ao tocar com várias duplas, conhecer pessoas, como Victor e Vinícius, Jaffar Sater, o início da carreira do Luan, uma coisa foi levando a outra e foi o caminho natural acompanhar artistas no palco.

Em 2009, através de um amigo que era baterista de Jads e Jadson, Flavio Guedes, comecei como violonista e guitarrista pra eles. Nesses oito anos, conheci muito mais gente, conheci a fundo o todo por trás de grandes shows, grandes artistas.

Em 2015, através do produtor musical Eduardo Pepato, que conheci por um amigo em comum, fui convidado a gravar o primeiro DVD de Maiara e Maraisa, e a música ‘10%’ foi realmente um divisor de águas. Tudo foi acontecendo, bastante coisa boa, dentro do estúdio, com outros dvds, também. Ano passado já teve gravação de CD com a Wanessa Camargo, tudo no estúdio do Eduardo. Trabalhei também com a Marilia Mendonça, no novo DVD de Maiara e Maraisa.

Com Maiara e Maraisa e Marília Mendonça. (Fotos: Instagram @diegobaroza)

E foi essa experiência que o levou para a produção?

Eu sempre estudei arranjo e produção musical. Sempre tive um home studio nos lugares por onde morei. Inclusive uma das matérias no Conservatório Souza Lima era "Arranjo". E naquela época (2005) fazíamos tudo na mão, na partitura mesmo. O que foi muito bacana! Eu gosto muito de entender e fazer a música tomar uma forma diferente. Acredito que qualquer elemento ou instrumento que você coloque, você pode levar a música pra lugares totalmente diferentes. Recentemente a minha experiência como diretor musical da dupla Jads e Jadson tem me ajudado a amadurecer bastante. Inclusive nesse 4° DVD da dupla tive o prazer de produzir 3 músicas. Estou muito empolgado com isso! 

Que trabalhos estão por vir?

Além do novo DVD de Maiara e Maraisa e o da Marilia Mendonça, tem trabalhos com o Bruno e Marrone em um DVD sem público, gravamos em uma roda em uma varanda de um hotel, e também do Henrique e Juliano no Citibank Hall, além da gravação do quarto DVD do Jads e Jadson. Já no meu trabalho solo instrumental vou lançar a segunda parte “Musique Pour La Vie”. O EP 2 sairá logo no segundo semestre.

Pela frente também, além dos que citei como violonista e guitarrista, tenho divulgado muita coisa na internet, no Youtube, projetos diferentes. Estou terminando de mixar o EP de Julio Mendonça, um jovem cantor de Nova Andradina, que é de um estilo diferente do sertanejo, mais similar ao Tiago Iorc, produzido com músicos de SP. Sempre estudei muito essa parte também, sempre tive estúdio. Tenho dois CDs de música instrumental para dar vazão a esse lado. 

Algumas das várias participações em programas de televisão. (Fotos: Instagram @diegobaroza)

Qual é o momento atual do sertanejo, na sua visão?

O sertanejo vive um auge e se renova muito, estamos vivendo essa renovação. É uma roda meio incerta, não sei dizer o que vem pela frente, uma onda diferente, a fase das mulheres é fundamental nessa transformação e crescimento, abriu o mercado de uma forma muito bacana. Acho que o barato é a galera já esperar por mistura de ritmos, coisas novas sempre, um ciclo. 

O sertanejo surgiu como a música simples, do homem do sertão, hoje você vê em todo lugar, os mega DVDs e shows, produções caríssimas. Há mais pessoas se importando mais com a qualidade da música, a letra, bons músicos e profissionais envolvidos em todo o processo, tudo vai mudando. Não é melhor ou pior, é diferente e acho que é natural que seja assim.

E seus projetos de carreira mais pra frente, como vê hoje?

Voltei a estudar, realizando uma nova graduação em uma área que me ajude a empreender, porque o músico tem de ter visão, na minha concepção, e ir atrás de coisas além de apenas tocar perfeitamente. No futuro, quem sabe retomo a dar aulas, é uma coisa que eu gostaria muito, mas no momento muitas portas estão se abrindo e é quase só correria.