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Política

Políticos de MS aproveitam janela partidária em busca de estrutura em outros partidos

Reportagem nacional aponta comercialização de espaços; políticos negam e garantem campanha 'sem dinheiro'

15 março 2018 - 07h00Por Diana Christie

Com a janela eleitoral aberta, dois membros da bancada federal de Mato Grosso do Sul já deram adeus às antigas legendas. São eles o deputado federal Elizeu Dionízio, que abandona o PSDB sem destino confirmado, e o senador Pedro Chaves, que deixou o PSC e agora engrossa as fileiras do PRB.

O comércio envolvendo a janela partidária é discussão recorrente no Congresso Nacional. Reportagem da Folha de S. Paulo apontou um balcão de negócios envolvendo as mudanças, em que a transferência de partido estava sendo negociada por valores que variam de R$ 1 milhão a R$ 2,5 milhões.

O dinheiro seria usado nas campanhas, pois esta será a primeira eleição sem a possibilidade de financiamento empresarial. Os candidatos terão que dividir os valores dos fundos partidário e eleitoral, de R$ 2,6 bilhões, e apostar no autofinanciamento, além de doações de pessoas físicas.

E o número de candidatos com potencial eleitoral grande é importante porque os valores de verbas públicas e o tempo de propaganda na TV que serão distribuídos entre as legendas serão definidos com base no desempenho, nas urnas, de seus candidatos a deputado federal, decretando a morte ou continuação das agremiações.

Os políticos de Mato Grosso do Sul garantem, no entanto, que as mudanças não são motivadas por dinheiro e sim espaço político. É o que diz Elizeu Dionízio: “Não se trata de promessa é sim de espaço do nosso grupo político. Hoje precisamos buscar espaço”, garantiu o parlamentar, que se transferiu para o PSDB para assumir a suplência do tucano Márcio Monteiro.

Alcides Bernal e Nelsinho Trad - Foto: André de Abreu

Presidente regional do PP, Alcides Bernal, também nega o oferecimento de vantagens em dinheiro. Segundo ele, os candidatos são conquistados com "espaço para fazer política e disputar as eleições para o cargo que desejar". "A nossa campanha não será com base no dinheiro", enfatizou.

Nelsinho Trad, presidente regional do PTB, destaca a importância de espaço político. “Temos percorrido interior e escolhendo os prováveis candidatos. Aqueles que querem e vão para o embate defendendo os ideais do partido... Temos atraído muita gente porque nossa legenda não está congestionada”, explicou.

Negociações

De acordo com a Folha de S. Paulo, as negociações são confirmadas por políticos que preferem o anonimato e o PP, sigla de Alcides Bernal e uma das principais envolvidas na Lava Jato, e o PR, de Valdemar Costa Neto, um dos condenados no mensalão, lideram as ofertas, com a promessa de R$ 2,5 milhões do fundo eleitoral, o máximo que um deputado poderá gastar na campanha.

Eles estariam oferecendo também o controle da legenda no Estado e tempo de propaganda na TV. “O DEM do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), também aparece como um dos que estão na linha de frente do balcão. O partido, porém, não estabeleceu ainda um valor específico, tendo prometido até agora dar aos novos deputados a mesma quantia que destinará aos atuais. Outros partidos políticos menores também estão na movimentação”, diz o jornal.

MDB, PSDB e PT estariam sendo pressionados a formalizar contrapropostas de valores de campanha, tanto que emedebistas anunciaram que darão R$ 1,5 milhão a cada deputado seu que tentar a reeleição. PSDB e PT devem fazer o mesmo, mas eles não têm dinheiro para cobrir ofertas maiores pelo tamanho das bancadas, que devem dividir o bolo.

Apesar disso, líderes do PP e do DEM negam que estejam tentando atrair deputados para suas legendas mediante oferta de dinheiro público para as campanhas. O PR não chega a negar, mas afirma que os valores são menores do que os declarados pelos deputados. (Colaborou: Rodson Willyams)