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COLUNA

Tiro Livre

Vinícius Squinelo

Bastião da Justiça, Odilon de Oliveira ‘fugiu’ na hora de prender Puccinelli

O ex-juiz teve em sua mesa a chance de fazer história em Mato Grosso do Sul. E desperdiçou!

20 abril 2018 - 12h06

Com discurso de pré-campanha moralizador e contra a corrupção, o ex-juiz federal Odilon de Oliveira teve em sua mesa a chance de fazer história em Mato Grosso do Sul. E desperdiçou! O motivo: preferiu não julgar os autos da operação Lama Asfáltica, o maior marco do trabalho da Polícia Federal no Estado.

Assim que iniciada a Lama, os autos caíram na mesa do então juiz Odilon, que recuou e pediu para não atuar no processo. Na linguagem jurídica, Oliveira recorreu à chamada suspeição. E o que é suspeição? Ao pé da letra: é um receio fundamentado, suscetível de se opor à imparcialidade de juiz, representante do ministério público, testemunha, perito.  O termo recorrido quer dizer que o juiz aposentado, no caso, deixou de agir no processo por acreditar que sua parcialidade poderia ser questionada.

A Lama Asfáltica centrou suas investigações no período governado por Puccinelli (2007-2014). Nas duas gestões, segundo as investigações, funcionou um esquema semelhante aos planejados e executados por organizações criminosas. Quebra de sigilos bancários, diálogos telefônicos captados por meio de ordem judicial fortaleceram o início da operação, em 2013. Em julho de 2015, a investida foi deflagrada com 38 pedidos de prisão, incluindo a de Puccinelli.

Ocorre que o juiz da época que substituiu Odilon de Oliveira não concordou com os pedidos. Não ordenou a prisão de nenhum deles. Além de Puccinelli, o Ministério Público Federal pediu a prisão do ex-secretário Edson Giroto, ex-deputado Beto Mariano, servidores da Agesul e também do empreiteiro João Amorim, pessoas tidas como as que tinham poderes nas duas gestões do ex-governador.

Dois anos depois, em maio de 2017, a Polícia Federal insistiu na prisão de Puccinelli, mas a Justiça Federal preferiu pôs tornozeleira no ex-governador. Já em novembro de 2017, ano passado, a PF, com o mesmo pedido, conseguiu convencer a Justiça Federal, que mandou prender não só André Puccinelli, mas o filho também, o advogado e professor universitário André Júnior.

Odilon de Oliveira aposentou-se no dia 5 de outubro do ano passado, já com a firme ideia de se candidatar ao governo estadual. Exatos 40 dias depois, 14 de novembro, André Puccinelli foi preso.