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COLUNA

Top Pipoca com Pedroka

Pedro Martinez

Rocketman: a ascensão de Reginald...

Uma lenda viva

08 junho 2019 - 10h05

Rocketman antes mesmo de entrar em cartaz vem prometendo uma enxurrada de estrelas, ou pipocas. E eu te asseguro, este merece uma constelação inteira de estrelas e milhares de baldes de pipoca. A obra é deliciosamente exagerada, e ousada, sincera e não tem um pinguinho de medo no modo de contar essa história (maluquissima) de um dos maiores artistas desse planeta. Nada é omitido aqui. Veremos o que Elton John possui de melhor, e pasmem, de pior também.

O longa metragem retrata a vida do músico, desde a infância, e dá foco principalmente à timidez do pequeno Reginald Dwight (nome de batismo). Quem escreveu essa história foi o roteirista Lee Hall, que resolveu ambientar toda essa exibição de "causos" numa reunião dos Alcoólicos Anônimos e com isso trouxe ao personagem uma válvula de escape para se mostrar mais aberto, e até vulnerável, ao mesmo tempo que busca ser totalmente honesto, sem censurar nada de seus sentimentos mais profundos.

No decorrer de sua conturbada vida, Elton John teve sérios problemas com drogas, álcool, raiva e sexualidade e, diferente de muitas cinebiografias por aí, esse não esconde nada disso. Portanto acaba por enriquecer a história, nos fazendo perceber que por trás desse ícone imaculado existe um homem igualzinho a todos.

E nessa toada de sinceridade brilha a estrela de Taron Egerton.

O ator, que ficou famoso pelas atuações em Kingsman, simplesmente surpreende aqui. Ele conseguiu pegar o papel perfeitamente desde os trejeitos de John, a maneira como anda e o jeito que sorri, até o modo de cantar. Por tudo isso o ator desaparece no papel e encarna o personagem. Nos momentos musicais Egerton fez questão de ele mesmo cantar e nisso foi capaz de mostrar uma voz que lembra muito a de Elton e criou versões próprias para os clássicos que são usados de forma inteligente para dar tom as emoções a cada pedaço da trama; as músicas é que tocam o filme pra frente.

A ideia foi de que o filme deveria ser um musical clássico. Ao invés de focar em como ele compôs as canções, as músicas são usadas realmente para ressaltar o sentimento dos personagens em cenas específicas e para dar a sensação de fantasia na história que é verdadeira. Há o uso dessas de maneira intimista comonem Your Song, que ressalta a ligação entre John e seu letrista Bernie; de maneira trágica como em Goodbye Yellow Brick Road ressaltando o afastamento da dupla e de maneira épica grandiosa como em Crocodille Rock que mostra tudo que o tímido Reginald tinha dentro de si para o público no Troumbador.

Mas o que mais chamou atenção na vida do ícone foi o uso de figurinos espalhafatosos e impressionante nos palcos. E o filme fez um trabalho incrível ao reproduzi-los. O trabalho foi de Julian Day que ajudou a ressaltar ainda mais a diferença entre Reginald e Elton. A transição de um homem comum para uma celebridade está estampada ali.

Outro ponto importante destacado na trama é que John sempre se sentiu um homem solitário, por isso as roupas o ajudavam a se destacar, e também o faziam se isolar; por ser tão diferente. Ele sempre teve dificuldade de se conectar e as pessoas ao redor usaram essa insegurança para empurrá-lo ao fundo do poço. Os principais causadores disso em sua vida foram seu pai, vivido por Steven Mackintosh e seu empresário, vivido por Richard Madden. O primeiro citado nunca demonstrava qualquer afeto e o segundo se aproveitou da carência do astro para fazer mais dinheiro. Por isso os dois foram fundamentais na evolução do protagonista, seja pro bem ou pro mal..Convenhamos, mais mal do que bem.

Rocketman é isso: um filme honesto de todas as maneiras possíveis. É basicamente o espelho de Elton John: épico, muito divertido, verdadeiro e até sombrio. Aqui não se foge das polêmicas e cria -se um musical delicioso de assistir por ser algo pouco comum.

5 pipocas!

Em cartaz nos cinemas.