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COLUNA

Top Pipoca com Pedroka

Pedro Martinez

The Umbrella Academy: família de heróis...

Ficção científica

09 maio 2019 - 16h56

A Netflix recentemente encerrou várias séries de super-heróis (Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage, Punho de Ferro) mas não desistiu do tema. O que é muito bom para nós, fãs.

E por causa dessa vontade de focar em heróis, nos presentearam com The Umbrela Academy que, vem para mostrar como será a linha de pensamento daqui pra frente.

A série é baseada na HQ de Gerard Way (sim o ex vocalista do My Chemical Romance) e do brasileiro, repito, brasileiro Gabriel Bá, que lançaram a história pela Dark Comics.

Na história conhecemos uma família de heróis, não tão grandiosa quanto Os Vingadores mas poderosa da mesma maneira. Todos fizeram fama como vigilantes na infância porém, agora, os sete crescem e se tornam adultos problemáticos e distantes um do outro. Então, quando Sir Reginald Hargreeves, o pai adotivo bilionário morre de forma suspeita, as "crianças peculiares" precisam se questionar quais foram as verdadeiras causas.

A personagem Vanya (Ellen Page), chamada de Número 7, é o foco principal do início de tudo, principalmente por ser o Patinho Feio ou a excluída da família, já que não têm poderes e sempre sofreu por isso. E o problema se agravou ainda mais quando ela publicou um livro contando histórias secretas dos bastidores da turma de heróis.

Consequentemente tudo vai num caminho rápido, e na medida, de introdução a uma grande variedade de sub-tramas, que enriquece tudo: o mistério da morte do pai, o distanciamento mútuo, alguns romances e um suspense chocante que é a iminência do Fim do Mundo, alertada pelo irmão Número 5, que sumiu por anos, e agora quando reaparece, está sendo perseguido por dois assassinos profissionais que viajam no tempo à serviço de uma corporação misteriosa.

A medida que os capítulos vão se passando veremos quão excêntrica a família toda é, e como os poderes passam a ser vistos como fardos, apesar de necessários. Klaus, Número 4 (Robert Sheehan) pode falar com os mortos mas usa drogas para não vê-los; Alisson Número 3 (Emmy Raver-Lampman) manipula mentalmente as pessoas e se destruiu por isso; Luther Número 1 (Tom Hopper) é um gigante meio homem meio macaco que não se conecta com ninguém e passa 4 anos sozinho na Lua após todo mundo sair de casa; e Diego Número 2 (David Castañeda) que faz curvas ao jogar objetos pontiadugos como facas e afins e teve um relacionamento complicado com uma policial. Sem contar o irmão morto Ben Número 6 (Justin Min) que incorporava monstros; a mãe Agnes (Sheila McCarthy)  que é um robô e o mordomo da casa Pogo, um chimpanzé.

Parece um milhão de coisas para absorver de uma vez só, mas te garanto que tudo têm um ótimo ritmo. Tem um Q a mais de ficção científica dos anos 50, a maior influência da série.

Tudo bem que parece algo absurdo porém tudo funciona devido a ótima escrita. E o roteiro tem um controle na trama que impressiona: cada foco têm  prioridade, e as coisas se resolvem naturalmente com conclusões satisfatórias.

A série apresenta todos esses casos para ressaltar a nossa falta de domínio com as nossas habilidades e o pouco autoconhecimento que cada um possui. Fica claro que tudo se dá pelos defeitos da relação familiar disfuncional, fruto da criação de um pai opressor, frio e autoritário. A culpa nem sempre é nossa. Explora-se ali que a busca pelo perfeccionismo na infância nos leva a se tornar adultos com mentalidade tóxica de competição e autodepreciação.

- Não fica um dramalhão não né, Pedroka?

Não! É justamente esse contraste da temática profunda com a apresentação exagerada que torna a personalidade da história única. Se reconhece muito a tragédia que os personagens enfrentaram mas há quase que uma garantia de que remoer o passado não resolve nada; você precisa reconciliar o presente para evitar os erros no futuro. O otimismo quase que irônico mora nesse roteiro.

The Umbrella Academy foge de clichês do gênero herói e do tom sombrio de outras produções. Nos entregam algo divertido mas um tanto emocionante. E a série nos conquista pela experimentação e personalidade - além de deixar uma boa sensação positiva para o futuro dos super-heróis e das adaptações de HQ da Netflix.

5 pipocas!

Disponível na Netflix.