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Política

ZOAÇÃO: procurador do MPF diz que Marun sentia 'amor' por Eduardo Cunha

Em conversa vazada do Telegram, é dito que ex-ministro foi poupado na Lava Jato

10 setembro 2019 - 13h10Por Celso Bejarano, de Brasília

Em mensagens trocadas entre os procuradores da República que conduziam e ainda dominam as investigações acerca da Lava Jato, maior operação policial criada para combater a corrupção no Brasil, publicadas há uns dois meses, de maneira recortada, surgiu, pela primeira vez, o nome do ex-ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo da Presidência da República, gestão de Michel Temer).

Pela citação, publicada nesta terça-feira (10), por The Intercept Brasil, em parceria com o UOL, Marun, ex-deputado federal pelo MDB de Mato Grosso do Sul, foi poupado nas investigações da Lava Jato, que apurou esquema de corrupção instalado na Petrobras por período de dez anos, segundo o MPF (2004-2014).

Embora no governo de Temer, que foi até preso por supostos recebimento de propina, Marun, em dezembro passado, deixou o ministério sem qualquer arranhão, isto é, sem ser incomodado pela investigação.

Ganhou até emprego na direção da Itaipu, usina construída pelo Brasil e o Paraguai, com salário mensal de quase R$ 30 mil mensais.

Pelas conversas publicadas nesta terça, a história de Marun no governo de Temer poderia ser bem diferente não fosse o silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha, que está preso desde outubro de 2016, por corrução.

A reportagem sustenta que Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, tentou, mas o pedido foi desprezado pelo MPF (Ministério Público Federal), colaborar com as investigações por meio da delação premiada.

Os procuradores do MPF teriam percebido que, na delação, que Cunha esconderia nomes que teriam participado de tramas, como distribuição de dinheiro, nas eleições para a presidência da Câmara e escolha de relator do processo de cassação do ex-deputado, condenado a 15 anos de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O hoje ministro da Justiça, Sérgio Moro, foi quem o sentenciou.

Na passagem do diálogo que envolve Carlos Marun, quem levanta suspeitas sobre o ex-ministro é o procurador regional da República em Brasília, Ronaldo Pinheiro de Queiroz.

Note o que procurador diz numa troca de mensagens pelo Telegram, em grupo participado apenas pelos investigadores da Lava Jato.

“Cunha apresentou anexo sobre compra de votos para a liderança do MDB e não apresentou sobre compra de votos na eleição da presidência da Câmara, em que há anexos da JBS sobre o tema. Cunha cita mais de 70 deputados que ele angariou dinheiro de Caixa 2, mas deixou Carlos Marun, seu fiel escudeiro, de fora. Deve ser amor mesmo o que Marun sente por Cunha”, escreveu o procurador. Ou seja, na interpretação do procurador, o ex-ministro teria agido nos bastidores para livrar a barra do amigo.

AMIGOS

Carlos Marun era, de fato, amigo de Eduardo Cunha. Em dezembro de 2017, o ex-ministro saiu de Brasília, de avião, e foi até a prisão, em Curitiba (PR), onde o ex-presidente da Câmara, era mantido encarcerado.

O caso foi noticiado à exaustão pela imprensa porque Marun havia usado dinheiro para a viagem, em torno de R$ 1,2 mil, da Câmara, isto é, público, para pagar o hotel na capital paraense. À época, véspera de Natal, ele disse que devolveria o recurso.

SUSPEITAS

Conteúdo das conversas divulgadas até aqui jorra suspeitas nas ações dos procuradores do MPF, que mantinham foco nas investigações em torno de pessoas que eles definiam. Lula, por exemplo, preso desde o ano passado, segundo seus advogados, teria sido vítima da trama combinada.

Depois de condenar Lula, o então juiz federal Sério Moro, virou ministro da Justiça por escolha do presidente Jair Bolsonaro.

Até a publicação deste material, o ex-ministro não tinha se manifestado oficialmente.